Que livro meus amigos, que livro. Desde o começo dele não consigo parar de ler, porque é uma leitura envolvente, os capítulos não são muito grandes e mesmo a história se tratando de algo profundamente importante parece leve do jeito que o escritor coloca. Nesse livro conhecemos Jonas, ele trabalha em uma cafeteria e é gay, não precisaria mencionar esse detalhe se não fosse por isso o centro da história.

Nós começamos a ver então os seus questionamentos, Jonas não se acha digno de nada, pois acredita que ser como é agride os princípios da igreja ao qual sempre participou, ou seja, se ele for feliz ele está pecando porque não é dessa forma que Deus ensinou. É triste ver esse lado da vida dele, porque uma pessoa não é capaz de viver na sua plenitude se tudo o que faz para viver bem pensa que fere sua existência, não achar ser digno da felicidade por causa de alguns preceitos para mim parece muito triste e desculpa, ridículo.

Podemos ver que sua crença em Deus vai acabando durante a história, porque a religião só soube afastá-lo de qualquer crença que tinha e de qualquer segurança que acreditar em algo poderia trazer. Mesmo pensando que não tem mais fé em Deus, Jonas tem medo, e tudo o que que se julga errado pela igreja ele morre de medo de fazer por desafiar e acabar indo para o inferno, infelizmente ainda é uma realidade essa situação e para mim, muito triste.

Temos nesse livro uma mãe extremamente religiosa que tudo acredita que Deus vai prover, um pai que não liga a mínima para o filho e que tem um relacionamento abusivo com a mulher, tratando-a basicamente como empregada da casa. Sem contar que o pai é um babaca com ele, sem apoio nenhum, o rapaz trabalha mas não é o suficiente, quer que ele seja algo na vida mas não o apoia. Jonas acompanha tudo isso diariamente e a única coisa que quer é ver sua mãe feliz, sorrindo e no fundo descobre que não a conhece tão bem quanto gostaria. E ele também passa a não suportar ficar dentro da sua própria casa, então começa a buscar refúgio fora dela, buscando sempre ter algo para fazer para não ter que voltar mais cedo para lá.

Às vezes eu sei como é se sentir sozinha no mundo igual o Jonas, porque muitas vezes eu me sinto assim, querendo ter alguém do meu lado, porém eu sempre tive os meus pais como alicerce aqui em casa, ele não tem isso; e por mais que ele tenha amigos e um namorado que ama muito ele sempre falta alguma coisa. É muito triste ver que ainda existem muitos pais que abandonam seus filhos pela sua orientação sexual, no momento em que mais eles precisam de apoio e de aceitação, porque eles já se sentem sozinhos e excluídos, as pessoas mais importantes viram as costas.

Nessa hora, Jonas vê que não está sozinho e que a família que ele escolheu se torna muito importante e o seu alicerce, ele vai se tornando adulto com a maturidade que vai adquirindo ao ver que agora ele está por si só e finalmente entende, que mesmo que as outras pessoas o fazem feliz, se ele não for feliz por ele mesmo nunca vai ser o suficiente.

Agora falando de algo bom e que me identifiquei demais, Jonas escreve milhares de ideias para escrever os seus livros (seu sonho é ser escritor), mas não consegue por nenhuma em prática, e eu sou exatamente assim também, penso na história, nos personagens, no local e quando vou começar a escrever simplesmente deixo de lado e passo para a próxima ideia. Legal, não estou sozinha nesse mundo. A segunda coisa maravilhosa desse livro é o Arthur, mas que homem perfeito, ele é todo fofinho o tempo todo que dá vontade de coloca-lo em um potinho e livrá-lo de todo o mal do mundo.

Enfim, essa resenha acabou ficando muito longa, porque esse foi um livro muito importante para mim, o tema é muito atual e traz assuntos que ainda precisam ser muito discutidos principalmente nas famílias. É uma escrita fácil e leve que você simplesmente não consegue deixar de ler por nenhum momento, eu precisei apesar dos meus protestos porque tenho que trabalhar e não consigo viver só da leitura ainda, mas leiam e amem como eu amei.

Jonas não sabe muito bem o que fazer da vida. Entre suas leituras e ideias para livros anotadas em um caderninho de bolso, ele precisa dar conta de seus turnos no Rocket Café e ainda lidar com o conservadorismo de seus pais, sua mãe alimenta a esperança de que ele volte a frequentar a igreja, e seu pai não faz muito por ele além de trazer problemas. Mas é quando ele conhece Arthur, um belo garoto de barba ruiva, que Jonas passa a questionar por quanto tempo conseguirá viver sob as expectativas de seus pais, fingindo ser uma pessoa diferente de quem é de verdade. Buscando conforto em seus amigos (e na sua história sobre dois piratas bonitões que se parecem muito com ele e Arthur), Jonas entenderá o verdadeiro significado de família e amizade, e descobrirá o poder de uma boa história.