Mais uma vez sou surpreendida por essa escritora, é admirável a forma que Tessa Dare coloca os seus protagonistas em destaque de formas bastante positivas. Podemos ver um protagonista, que está machucado pela guerra e o que mais quer é voltar ao comando do seu pelotão, custe o que custar, porém ainda não se recuperou completamente do tiro que levou em seu joelho. Bram é um homem determinado, que sabe o que quer e fará o máximo para conseguir, então ele sai de viagem com seu primo Colin e o cabo Thorne para ir atrás do que pensa que vai ser a solução para o seu problema.

Agora vamos falar de Suzanna, a nossa protagonista, que mulher forte. Ela não tem medo de lutar pelas suas conquistas, transformou Spindle Cove em um santuário para as mulheres poderem passar uma temporada se recuperando do que quer fosse o problema, comandava a cidade e sua opinião era mais valiosa do que qualquer dinheiro. Sem medo de falar o que pensa e de enfrentar qualquer um para fazer valer a sua vontade e é assim que temos um relacionamento entre nossos protagonistas.

A dinâmica que Tessa escreveu para os dois é muito boa e como eu sempre gosto não foge do assunto, o tempo inteiro estamos lendo sobre eles, não tem acontecimentos paralelos para nos distrair do que realmente importa, os poucos que tem não dura mais do que uma página. É interessante que nunca eles negaram um ao outro como eles se sentem atraídos, sempre algo muito pontual nos seus encontros. Os dois são bem cabeça dura, mas aos poucos Suzanna consegue dobrá-lo para fazer a sua vontade. Os segredos deles, que sempre ficaram guardados a sete chaves de todo mundo, os tornam cúmplices e deixa tudo mais claro para se conhecerem mais profundamente e entenderem por que se tornaram esses adultos tão complexos.

O desenvolvimento da relação deles é algo crescente e natural para a época, com o início bem cão e gato, mas que aos poucos eles vão vencendo as barreiras e se conhecendo melhor. Mas as vontades de cada um são bem diferentes e isso pode se tornar um empecilho para ficarem juntos, porém é bonito ver a forma que mesmo sem perceber um ajuda o outro de formas que mais ninguém seria capaz, eles se tornam o porto seguro um do outro, sem nem mesmo ainda terem uma relação de casal.

Temos também no livro um forte sentimento de responsabilidade de Bram com Colin, uma vez que eles só têm um ao outro e Bram tenta de todas as formas dar um jeito para que seu primo aprenda ser civilizado o bastante para não destruir uma cidade com suas ideias malucas de diversão. Entrando nessa questão, temos uma breve introdução sobre a vida de Colin, e a intenção de um outro casal se formando, acredito que possa ser uma das outras duas histórias da trilogia, mas como eu não fui ler as outras sinopses não posso dar certeza.

Como sempre a escrita da Tessa Dare é muito boa, é detalhada, mas não ao ponto de ser cansativa, bem fluída e rápida. Ela consegue colocar um pouco de contemporaneidade em uma história de época sem deixar escandaloso e dá uma pincelada na ideia de que a mulher pode tudo de uma forma bem sutil, mas que fica gravado na memória.

Spindle Cove é o destino de certos tipos de jovens-mulheres: bem-nascidas, delicadas, tímidas, que não se adaptaram ao casamento ou que se desencantaram com ele, ou então as que se encantaram demais com o homem errado. O lugar é bastante pacato, até o dia em que chega o tenente-coronel do Exército Britânico, Victor Bramwell. O forte homem viu sua vida despedaçar-se quando uma bala de chumbo atravessou seu joelho enquanto defendia a Inglaterra na guerra contra Napoleão. Como sabe que Sir Lewis Finch é o único que pode devolver seu comando, vai pedir sua ajuda. Porém, em vez disso, ganha um título não solicitado de lorde, um castelo que não queria, e a missão de reunir doze homens da região, equipá-los, armá-los e treiná-los para estabelecer uma milícia respeitável.