Quando a gente escolhe um livro com esse tipo de história achamos que estamos preparados para ela, mas nem sempre é verdade, porque por mais que tenhamos uma vaga ideia de como será ela acaba nos surpreendendo, nem sempre pelo lado bom. A Pérola que Rompeu a Concha é um soco na nossa cara ao contar como é a vida das mulheres no Afeganistão, como elas são deixadas de lado sempre e proibidas de fazer coisas simples do dia a dia igual nós fazemos. O quanto o homem é mais necessário e venerado em detrimento à mulher.

Nessa história vamos acompanhar a vida de duas meninas em décadas diferentes, a primeira é Shekiba nos anos 1900 mais ou menos e a segunda Rahima, que parece ser nos tempos atuais. Já podemos ver que apesar do avanço dos anos não há muita diferença no jeito de viver delas, não houve praticamente nenhuma melhoria para as mulheres durante todos os anos. Aqui nós conhecemos bem os costumes, hábitos e estilo de vida daquela região marcada também pelos conflitos.

No meu ponto de vista é uma história triste, principalmente por saber que esses costumes são normais lá e o quanto uma mulher sofre diariamente tendo que ser completamente submissa ao marido e também ao chefe da família, que entendi ser o membro mais velho dela que está vivo. Além de todas as dificuldades por ser mulher Shekiba acaba sofrendo uma queimadura em um dos lados do rosto e isso define praticamente a sua vida inteira, sendo rejeitada principalmente pela família e depois sendo vendida em troca de uma dívida, não sem antes ser responsabilizada pela desgraça da família somente por ter o rosto deformado.

Já com Rahima, vemos a mãe dela sendo diariamente culpada pela família do marido por não ter dado um filho homem, como se ela pudesse escolher isso de fato, então conhecemos um costume comum lá de uma família que só teve filhas mulheres transformar uma delas, enquanto criança, em um menino para assumir esse papel na família, sempre com tempo determinado, até quando conseguir esconder o fato de ser menina.

Se você espera ler um romance em que os protagonistas vivem um conto de fadas, está no lugar errado. Vemos as mulheres aqui lutando com o que podem para conseguir um lugar ao sol, mas a tradição nesse lugar é tão ferrenha que serão necessários milênios para mudar a mentalidade das pessoas. É uma história sofrida de duas mulheres que só enfrentaram desgraças durante a vida inteira, principalmente na mão dos homens, mas nem por um minuto desistiram de sonhar que lá na frente uma luz brilharia em seu caminho, direcionando-a para um lugar melhor.

Eu não estava preparada nunca para uma história como essa e a sinopse é bem rasa sobre o que de fato vamos ler, se alguém me contasse somente uma ou duas desgraça que acontece nesse livro eu não teria lido, mas agradeço por ter pego esse livro na completa ignorância. É importante conhecer realidades diferentes das nossas, precisamos enxergar como o mundo é diferente para cada pessoa e como uma civilização e uma cultura pode acabar com uma pessoa e um país.

Título: A Pérola que Rompeu a Concha
Autor(a): Nadia Hashimi
Publicação: Editora Arqueiro
Ano de Publicação: 2017
Gêneros: Drama
Pages: 448
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Avaliação:

Filhas de um viciado em ópio, Rahima e suas irmãs raramente saem de casa ou vão à escola em meio ao governo opressor do Talibã. Sua única esperança é o antigo costume afegão do bacha posh, que permite à jovem Rahima vestir-se e ser tratada como um garoto até chegar à puberdade, ao período de se casar. Como menino, ela poderá frequentar a escola, ir ao mercado, correr pelas ruas e até sustentar a casa, experimentando um tipo de liberdade antes inimaginável e que vai transformá-la para sempre. Contudo, Rahima não é a primeira mulher da família a adotar esse costume tão singular. Um século antes, sua trisavó Shekiba, que ficou órfã devido a uma epidemia de cólera, salvou-se e construiu uma nova vida de maneira semelhante. A mudança deu início a uma jornada que a levou de uma existência de privações em uma vila rural à opulência do palácio do rei, na efervescente metrópole de Cabul.