Esse livro foi tudo o que eu não esperava! A sinopse não prometia essa história que eu li e posso dizer que foi surpreendente a forma como ela se desenvolveu para mim. Apesar de ser um livro com poucos diálogos e até posso dizer um pouco cansativo, ele me prendeu de tal forma que li em dois dias porque eu precisava saber logo qual seria o final da história para aquela família.

Quando escolhi começar a ler Celeste Ng por esse livro achei que estava escolhendo um suspense policial, mas eu não podia estar mais errada. O início do livro, no primeiro capitulo ele afirma essa ideia, mas já no segundo capitulo da história entramos em um mundo muito mais intenso e complexo do que foi mostrado anteriormente, a história se passa entre as décadas de 60 e 80 pelo que entendi com o linear.

O livro todo será pautado na questão racial e no preconceito da sociedade fazendo com o que os protagonistas que são James e Marylin queiram o tempo todo se encaixar nessa sociedade e ao não conseguirem transportam esse fardo para os seus filhos, sem perceber que isso está sufocando as crianças. Eles transferem suas expectativas e frustrações neles quase os obrigando a serem melhores sem pensar que eles só querem viver a vida deles à maneira que eles acharem melhor. E que ao tentarem suprir essas expectativas dos pais eles mesmo estão se afundando em um caminho sem volta.

Lydia a filha do meio do casal sumiu, esse é o centro da história e tudo irá transcorrer ao redor desse fato e ao que levou a acontecer isso. O livro viaja passado e presente para conhecermos todos os vieses dos protagonistas citados, nós conhecemos a infância de James, descendente de chines que nasceu na América, mas isso não importa para ninguém uma vez que sua aparência física procede das suas raízes. Nós vemos a sua luta para tentar se encaixar nessa sociedade preconceituosa, para que fosse visto como um igual e acaba se afastando dos seus pais e de sua cultura principal.

Também conhecemos Marylin, a típica americana loira de olhos azuis, porém ela não quer ser igual qualquer mulher, que busca um bom marido para cuidar da casa deles, o sonho dela é ser médica, então ela aceita e enfrenta o que precisa para prosseguir com os seus estudos e alcançar esse sonho. Então ela conhece James e se vê nele, ela sente que eles se pertencem, que ele é tão diferente quanto ela.

Todo a questão que permeia a vida deles é muito mais profunda que imaginamos e ao longo do livro nós vamos entendendo que cada decisão tomada, cada dia vivido por eles, cada discussão e situação pela qual eles passaram resultam no que estão vivendo agora. Que na busca de fazer a “vida perfeita” para Lydia os outros dois filhos muitas vezes acabam ficando esquecidos, como figurantes dentro da própria casa, da própria família. É um olhar para dentro e buscar as próprias respostas, é entender que o mundo vai acontecer e mesmo que suas expectativas sejam frustradas você não pode passar essa herança para os seus filhos, pois eles têm as próprias vontades, a própria vida.

Vemos como o medo molda muitas das nossas decisões na vida e como a coragem na hora errada também não faz bem. Eu entendi essa história como um grande ensinamento que a autora quis passar junto com uma crítica à sociedade da época, onde mostra o preconceito na sua pior forma.

Se você quiser saber mais um pouco como eu me senti sobre a leitura recomendo esse vídeo que gravamos para o canal.

Na manhã de um dia de primavera de 1977, Lydia Lee não aparece para tomar café. Mais tarde, seu corpo é encontrado em um lago de uma cidade de Ohio a que ela e sua família sino-americana nunca se adaptaram muito bem. Quem ou o que fez com que Lydia — uma estudante promissora de 16 anos, adorada pelos pais — fugisse de casa e se aventurasse em um bote tarde da noite, mesmo tendo pavor de água e sem saber nadar? À medida que a polícia tenta desvendar o caso do desaparecimento, os familiares de Lydia descobrem que mal a conheciam. E a resposta surpreendente, assim como o corpo da garota, está muito abaixo da superfície.